A crise no fornecimento de água que atinge o Litoral Norte da Bahia já deixou pelo menos seis localidades desabastecidas neste verão. O problema, de acordo com a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), é fruto da alta demanda nas cidades da região, que tem alto fluxo de turistas nessa época. Para o policial Raimundo Batista, 52 anos, que é morador de Camaçari, a adversidade é resultado do mau planejamento da concessionária. Ele, que está há 23 dias sem água, conta que tem tomado medidas drásticas para manter a higiene.
“Está um calor horrível e até para beber água eu preciso comprar, senão morro de sede. Ou tomo banho no mar ou fico sem tomar banho. Então, o impacto é extremamente negativo para mim. Dá um desânimo e bate logo uma vontade de vender o imóvel e sair daqui, porque é insuportável. A gente briga tanto e não consegue resolver essa situação”, desabafa.
Morador do condomínio Ampla, no loteamento Planeta Água, em Barra do Jacuípe, Raimundo passou a comprar cinco vasilhames de 20 litros para consumir durante a semana. O gasto total varia entre R$ 85 e R$ 120 por semana, um valor maior do que a sua conta mensal de água. “Eu já estou há três semanas nessa situação, então o que eu gasto por semana já é superior ao que pago no mês. Desse jeito, a higiene da casa fico sem fazer ou, do contrário, tenho que pegar tudo e levar para Salvador para lavar”, diz.
“O pior de tudo é que isso acontece todo ano. Quando chega o mês de novembro já começa. O mês de dezembro é o pior momento da vida de um ser humano que tem residência no Litoral Norte e na Linha Verde. Fica o sentimento de desânimo e tristeza, porque a gente se esforça e trabalha tanto para ter uma casinha na praia e ter um lazer, mas acaba se decepcionando. Já cheguei a pagar R$ 180 de conta de água sem ter água em casa”, completa Batista.
O funcionário público Anderson Sampaio, que vive no condomínio Greenville, também em Barra do Jacuípe, relata que está há 20 dias sem água. Para dar conta do consumo básico e da higiene, ele tem recorrido a carros-pipa, que tiveram o preço inflacionado por conta da alta procura. “Um carro-pipa básico, que antes era R$ 300, subiu para R$ 2 mil. Desde o dia 23 de dezembro, sentimos um maior fluxo de moradores sem água. De lá para cá, não tivemos mais acesso a água. Tivemos que comprar água mineral e pedir a vizinhos que tinham tanque subterrâneo”, relata.
Para tentar dar fim ao problema, os moradores do loteamento Planeta Água estão organizando uma mobilização para o próximo sábado (11), às 9h. O intuito é reunir moradores de Arembepe até Itacimirim para exigir que o fornecimento de água em Camaçari seja regularizado. Está prevista uma caminhada pacífica e com carro de som, que tem como ponto de partida a entrada do Planeta Água.
“A revolta e a situação de calamidade chegaram a um ponto em que todo mundo se reuniu. A nossa luta está sendo para ajudar as pessoas menos favorecidas, que não têm condição de ter acesso a água. Estamos reunindo esforços para resolver essa situação”, finaliza Anderson.
O que diz a Embasa
Segundo a Embasa, durante o período de verão, no qual, além do aumento do consumo que chega a triplicar nas áreas de praia com turistas e visitantes temporários, podem ocorrer oscilações ou interrupções temporárias no abastecimento, principalmente em imóveis que ficam nas partes mais altas e distantes dos reservatórios.
“Por este motivo, a empresa trabalha para realizar ajustes operacionais visando compatibilizar a demanda e a oferta, reforçar equipes para fazer os reparos na rede com agilidade e instalar geradores em estruturas como captação, estações de tratamento e de bombeamento, dentre outros”, disse em nota.
A concessionária ainda esclareceu que falta de água pode ocorrer por diversos motivos, entre eles falta de energia elétrica para os equipamentos do sistema, vazamento, redução de pressão nas tubulações, vandalismo ou furto de equipamentos do sistema, aumento exacerbado do consumo ou ausência de reservação adequada para atender as necessidades dos ocupantes do imóvel.
“Quando ocorre variação da pressão na rede distribuidora, por exemplo, seja por conta de vazamentos ou de obstruções, os imóveis com mais de um pavimento e que não possuem reservatório são os mais afetados”, finalizou.
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Fonte: Correio da Bahia
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