O que era para ser apenas uma festa de forró na cidade de Mutuípe acabou virando uma disputa entre várias esferas da política, envolvendo ainda o Ministério Público (MP) e a Polícia Militar. Tudo começou com a criação do “Forró do Toin”, uma festa que supostamente celebraria Santo Antônio na quarta (12) e quinta-feira (13/06).
A festa foi proposta pelo vereador João Rauedys (PT), que também é pré-candidato a prefeitura da cidade, e conseguiu apoio do Governo do Estado. Atualmente, o prefeito Digão (PP) é do grupo político contrário e já demonstrou apoio a outro vereador como pré-candidato.
Conforme um dos advogados da Prefeitura de Mutuípe, Milton Pedreira, a festa foi organizada entre João e governo estadual sem passar pela esfera municipal. “Só chegou pra gente quando o vereador solicitou o espaço do centro de abastecimento para realização da festa, mas o pedido não trazia um estudo informando quantos banheiros seriam necessários, por exemplo”, explicou o profissional ao Informe Baiano.
Com o bloqueio, surgiram memes na internet sobre a situação, com mutuipenses pedindo para Digão “liberar o Toin” para João ou este último “parar de pedir o Toin” ao prefeito. Ainda conforme a Prefeitura, a justificativa dada pelo vereador é de que seria uma festa para promover a cultura e o turismo no município. Porém, o fato do petista ser pré-candidato gerou uma recomendação do MP para que o evento fosse cancelado, mesmo com o trio já na cidade.
Uma das justificativas usada pelo órgão foi de que, no outdoor de promoção da festa, constavam apenas o nome do governo do estado e de João Rauedys, sem nenhuma menção à prefeitura. Para o promotor João Manoel Santana, trata-se de “promoção de campanha política” com uso “da máquina pública”.
Um documento obtido pelo IB mostra que foi recomendado pelo MP na terça-feira (11/06), um dia antes da festa, que o vereador “Abstenha-se de veicular qualquer espécie publicidade, promoção e veiculação que contenha seu nome ou imagem relacionando-o diretamente à organização e realização do evento ‘ARRAIÁ DO TOIM’; efetuar a retirada do seu nome e imagem de qualquer peça e forma de publicização e divulgação do evento em que eventualmente tenha havido essa relação; que durante a realização do evento se abstenha de realizar, pessoalmente ou através de terceiros, qualquer promoção pessoal, utilização do seu nome e imagem ou uso de palavra”.
Ainda assim, no dia seguinte, mesmo sem a liberação oficial, um trio elétrico chegou a cidade para a realização da festa. A medida tomada pela Prefeitura “para garantir que se cumpra a recomendação do MP”, segundo o advogado, foi colocar ônibus e tratores cercando o trio elétrico, impedindo que o show fosse realizado na quarta-feira.
Moradores informaram ao Informe Baiano que houve um boato de que o governo estadual teria liberado a PM para guinchar os veículos e garantir a realização da festa, mas os veículos continuaram no local e não houve celebração no que seria o primeiro dia da festa. O vereador petista, então, entrou com uma liminar alegando que a festa era inteiramente do Governo do Estado. O juiz de 1º grau negou a liminar de João, mas ele recorreu ao Tribunal de Justiça e lá, após reanalisar o pedido, foi deferida a ação já na quinta-feira (13/06), após o cancelamento do primeiro dia.
Como o trio estava cercado de veículos, alguns deles foram guinchados para liberar o equipamento para a festa. A Prefeitura argumenta, entretanto, que a ordem judicial não tratava da retirada dos veículos.
“Fomos até o local para retirar tudo assim que a decisão saiu, mas, para nossa surpresa, já haviam guinchado uma Patrol que estava na frente do trio. Todos os outros carros nós quem tiramos, cumprindo a determinação da festa, mas essa patrol foi quebrada e ainda acabou indo para o pátio da PM em Santo Antônio de Jesus, causando apenas transtorno à prefeitura de retirar e consertar esse veículo que é de todos da cidade”, argumenta o advogado de Digão.
Com a retirada, o “Toim” foi liberado e a população participou do segundo dia da festa como se fosse o primeiro. “Hoje pela manhã nos deparamos com o que prevíamos: não houve nenhuma estrutura sanitária, a equipe de limpeza do município está a todo vapor limpando as ruas adjacentes que viraram banheiros a céu aberto. Isso é promover cultura e turismo?”, reclama Milton Pedreira.
O vereador João Rauedys foi procurado pela reportagem, mas, até o momento, ele não retornou o contato. O canal segue aberto.
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Fonte: Informe Baiano
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